Primeiro ela me chama para ir em um cartório com ela para atestar duas coisas: que é SOLTEIRA e VIRGEM! Quase infartei! No me lo podia creir! VIRGEMMMMMMM???? Desde quando?
A Cartorária me chama: D. Patifa seus documentos, por favor.
Entreguei meus documentos numa profusão de medo e descrença.
Eu: Escute, eu realmente assino o documento provando que ela é solteira, mas sinceramente não assino se constar o virgem.
Ela (cartorária): A senhora se recusa a confirmar esta inverdade?
Eu: Pode ter certeza, a menos que tenha laudo médico provando que o nariz dela é virgem.
Bandida, sentada ao meu lado ria e dizia: Tu não és minha amiga, custa dizer e assinar que sou virgem?
Nesse momento chega a segunda testemunha dela, um amigo nosso psicólogo.
Cartóraria: Senhor, por favor seus documentos.
Ele entrega com a maior boa vontade sem saber que ia assinar um documento onde teria de afirmar a virgindade de Bandida.
Eu: Amigo, sabes que Bandida quer que assinamos um documento onde declaramos que ela é Solteira e VIRGEM não sabes?
Ele: Não. VIRGEM MESMO? Ela quer que a gente assine isso? Nesse momento o desespero tomou conta dele também, olhando para a cartorária perguntou: Dona, esse negócio de assinar que Bandida é virgem, tenho de fazer algum juramento com a mão na biblia?
Cartorária: Não senhor.
Ele: Não tem teste de polígrafo aqui né?
Cartorária: Também não, senhor.
Ele: Bem, se não preciso jurar sobre a bíblia e não tem teste de polígrafo eu posso pensar em assinar pra ajudar minha amiga.
Eu: Mano, pensa direito, eu já me recusei terminantemente a assinar caso o VIRGEM não seja retirado dessa declaração.
Ele em um desespero para não ir contra a Lei, não mentir deliberadamente sabendo da verdade, e, acima de tudo, pensando em ajudar nossa amiga Bandida disse:
Dona, será que no lugar de VIRGEM pode ir "moça pura", porque assim fica aberto a interpretações e sempre seremos capazes de encontrar uma pureza. Gargalhada geral, da cartorária, de Bandida, minha e dele.
De repente a cartorária se vira e diz: ahhh os dois são psicólogos, que coisa boa ter como testemunhas dois psicólogos. Gente eu juro que perdia a amiga mas não perdia a piada: Falei, BOMMMMMMM? Nada bom minha senhora, estamos os dois aqui pra que ela não surte e mostre que é louca, antes de virmos demos os tranquilizantes pra ela se manter calma.
Assinamos os documentos, e eu que sempre pensei que ela ia ser minha dama de des-honra agora vai pra Suécia namorar, viver junto, casar com um sueco falsificado (porque descobri que ele é finlandês).
Na saída do cartório decidimos que íamos almoçar juntos pra comemorar a CERTIDÃO DE SOLTEIRICE, mas (como tudo sempre tem um "mas" com a gente) bizarrice pouca é bobagem.
Depois dessa manhã-início-de-tarde no cartório, na saída encontramos Pii-Lantra, então claro que eu e meu amigo psicólogo contamos de onde vínhamos, mas claro que também inventamos que Bandida e Eu havíamos vindo do cartório onde assinamos os papéis da nossa união-homo-estável e, que nossa testemunha foi nosso amigo. O queixo de Pii-lantra bateu no chão quando sacamos o documento do cartório pra provar (porque afinal sabíamos que ela não ia ler). Bandida nesse momento não estava conosco porque havia voltado ao cartório para buscar o guarda-chuva que havia esquecido no vaso de plantas.
Então, com o documento de Solteirice de Bandida na mão, Pii-lantra nos indaga: Ok, isso é alguma pilantragem de vocês duas, uma das duas quer comprar algo e a renda só de uma não permite?
Foi a vez de meu queixo cair, como Pii-lantra poderia pensar que realmente éramos capazes de registrar em cartório uma união-homo-estável com o objetivo de juntar rendas para comprar algo?
Nesse momento Bandida voltou. Contamos a ela a história que contamos a Pii-lantra e que conclusão ela tirou do fato de estarmos no cartório.
Fomos almoçar os 4 juntos, Bandida, Eu, Picólogo amigo e Pii-lantra, lamentamos a falta de Canalhona. Mas já já ela aparece (tá as voltas com o filho que tá pra fazer um ano, com o marido, com o doutorado e, se adaptando a vida na Holanda)
Resumindo, cheguei a conclusões importantíssimas na minha existência neurótica.
1 - Bandida estava certíssima quando, em vez de matricular-me no mestrado, fez minha inscrição num curso de teatro (depois conto essa história), eu deveria ser atriz.
2 - É mais fácil as pessoas acreditarem numa mentira do que na verdade.
3 - Preciso "normalizar" minha vida.
P.S: Eu bem que tentei falar pro futuro viver junto-marido de pilantra, que não ia haver separação consesual entre nós duas (sempre me recusei a assinar os papéis do divórcio hahahah) e, que ele podia levar ela, mas acabaria tendo duas, porque eu ia ter de encontrá-la uma vez por ano. BOSTA! Ele não entendeu nada do que eu disse, também pudera, não falo sueco, nem finlandês, nem inglês. Tô mal mesmo!
Patifa