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sábado, 31 de janeiro de 2009

Sonhos


Ontem foi dia de cine aqui em casa, eu e o love resolvemos assistir um filme com Kevin Costner, Campo de Sonhos, o nome do filme.

A história do filme basicamente é essa: um homem de aproximadamente 35 anos, que nunca teve grandes projetos e aspiraçoes na vida, nunca se aventurou em nada que considera "louco", até que um dia sua mulher resolve comprar um pedaço de terra em IOWA e ele se vê com uma imensa hipoteca pra pagar, a qual ele ia pagando levando sua vida calma e tranquila plantando e colhendo milho no terreno que compraram. Um belo dia essa calmaria e vida pacata acaba, motivo: ele começa a ouvir vozes (Esquizofrenia?) enquanto está na plantaçao que dizem: se contruir, virao!

Ele de uma hora para outra tem a visao de que no lugar onde está o milharal deve ser feito um campo de beisebol, e ele vê o campo de beisebol, com as arquibancadas, holofotes, marcaçoes, jogadores e tudo o que consta em um campo de beisebol. (decidamente Esquizofrenia!)
Entao ele convence a mulher que deve construir um campo de beisebol e conta a ela que tinha problemas de relacionamento como pai, pois o considerava um homem triste, sem ambiçoes e que nunca realizava seus sonhos, se é que um dia os teve. (quem nao tem problemas familiares e mais ainda problemas com o pai ou com a mae).

A esposa acredita nas sandices descritas pelo marido e ele e ela compram equipamentos e se endividam ainda mais para destruir uma parte do milharal e construir o campo de beisebol.
Entao, em dado momento sua mulher começa a ver os espiritos no campo de beisebol e sua filha de 5 anos também (esquizofrenia coletiva?). Ninguém além deles consegue ver as partidas de beisebol jogadas por espíritos ali além dos três, mas as vozes começam outra vez e dizem: Tens que acalmar sua dor?

Mas dor de quem? entao ele e a esposa numa reuniao escolar, tem a visao de que devem ir atrás de um escritor famoso chamado Terence Mann, que os ajudará a resolver o problema da dor que eles nao sabem de quem nem do que, e assim, Kevin Costner parte em busca do escritor e depois em busca de um homem que já havia morrido mas que havia sido um grande médico. Todos estavam intrinsecamente ligados as alucinaçoes e delírios de Kevin Costner, a esposa e a filha de 5 anos.

Mas como convencer aos que nao podem ver qual o seu grande objetivo e sonho de vida, de que nao estavam loucos?

Ou seja, é o retrato da busca e conquista de sonhos, que alguns nao acreditam que podem ser realizados, nao veem a concretizaçao e só pensam no quanto uma pessoa pode investir, se prejudicar, falir para realizar.

Entao a pergunta que nao quer calar é:

Quanto você investiria de sua energia, seu tempo, seu dinheiro para realizar um sonho?

Qual sonho você já teve, que ninguém mais, além de você e de quem mais te ama, acreditou que seria possível concretizar?

Quantos criaram barreiras e dificuldades para que você realizasse seu sonho?

Quantos você conhece que diziam que você era louco(a), estava investindo tudo que tinha na vida, que poderia falir, que nao ia dar certo; depois de que você realizou o grande sonho de sua vida disseram: eu sempre soube que você ia conseguir!

É um pastelao daqueles que a gente chora, porque nem só de risos é feita a vida, mas quando acreditamos que podemos conquistar, quando temos ao lado alguém que amamos e, especialmente essa pessoa acredita em nossos "sonhos ou loucuras", como queiram chamar, entao tudo se torna mais fácil, porque enquanto estamos ocupados na realizaçao do sonho e, existem os criadores de impecilhos e dificuldades, precisamos daqueles que amamos e a quem nos ama para nos defender, para dar força, para dizer: siga adiante que estou aqui te apoiando!

Percebi que é para as pessoas a quem amamos e que nos amam que é para quem realizamos nossos sonhos, todo o resto é só participante coadjuvante de um filme que nao foi escrito para eles, por isso fazem tanta questao de aparecer, mesmo que sejam como viloes.

Entao pessoas, nao deixem de sonhar e mais, de investirem tudo que podem para realizar.



Patif@





sábado, 24 de janeiro de 2009

Mulheres Alfaces II - A Revolta


Deus! Tenha piedade de mim. Eu já fui magricela, já tive os ossos dos joelhos maiores que as pernas, os ossos do ombro saltando e furando as camisas e já tive as "saboneteiras" imensamente profundas, que nem eram mais consideradas "saboneteiras", mas a próprio buraco profundo do inferno.

Desde que a moda das mulheres cadavéricas tornou-se fashion, um complot contra minha pessoa se instaurou entre meus amigos e agora até meu dignissímo namorado.

Primeiro implicaram com o vício da coca-cola, depois com o cigarro, agora com meu peso. Quando criança minha santa mae preocupada com minha magreza excessiva fazia com que tomasse um medicamento para crianças chamado Cobavital, mas eu era muito péssima e mesmo tomando caixas do medicamento nunca engordei uma grama sequer, somente esticava. Depois veio o Combiron, para dar sangue e fome. NADA!

Depois tinha o maldito Leite de Magnésia, para regular o intestino, porque até onde me lembro parece que o leite de Magnésia fazianos cagar até morrer e depois dava uma fome louca porque o intestino precisava de alimento. NADA!

Fui crescendo e tornando-me cada vez mais magra, joelhuda, perna comprida e fina, braços longos e finos, saboneteiras profundas, rosto fino e seco, pescoçuda, os dedos longos e finos pareciam pernas. Ganhei no colégio vários apelidos, mas os mais comuns eram "vassoura de espanar teto", "girafa", "jaçana" e por aí iam os apelidos. Pra piorar a situaçao, eu ainda usava óculos fundo de garrafa, 4 graus de miopia e extrabismo, ninguém merecia destino como esse, cruel.

Até que um dia, no cabeleireiro, ele descobre que sou L-I-N-D-A! Foi aí que começou uma carreira nada promissora de modelo e manequim, desfiles na cidade, concursos de beleza (que eu ganhava por incrível que possa parecer), desfiles fora da cidade. Deus! minha magreza excessiva era bem vista, como podia? Se me segurassem pelas pernas eu palitava os dentes de alguém, isso sem falar que era capaz de passar por entre grades de proteçao das portas... Estavam loucos!

Vou Engordar! Decisao tomada, era só seguir comendo tudo que via pela frente, sanduíches calóricos, Doces (argh doces! até hoje nao gosto de doces), coca-cola que diziam que engordava rápido, litros de coca-cola por dia, massa (detesto massa), e mais todas as carnes com gordura e 7 refeiçoes ao dia, tudo com o objetivo de engordar rápido. NADA! o processo de engorda só começou aos 19 anos e finalmente aos 30 havia conseguido meu grande objetivo de vida: Pesar mais que 50 kg em 1.74 de altura. OBjetivo Conquistado, eu tinha peitos, tinha bunda, tinha coxa grossa, claro uma barriga também, mas isso era só um detalhe pelos benefícios de ter engordado. Meus 80 kg estavam bem distribuídos nos meus 1.74 de altura.

Agora o complot se armou contra mim:

Meu namorado (magro (claro) e quase vegetariano) quer que eu emagreça, mas é bonzinho faz comidas nada calóricas e super saudáveis, comi em 4 dias mais tomates que em um ano de minha vida, reclama pelo meu excesso de coca-cola e reduziu meus 2 lts diários para dois copos, um no almoço e outro no jantar (vale ressaltar, copos de 250 ml),

Minha mae pirou nos malefícios do cigarro, quer que eu pare a qualquer custo, pergunta também se já parei de tomar coca cola,

E minha arqui parceira e irma nao sabe falar de outra coisa a nao ser que devo PARAR DEFINITIVAMENTE DE BEBER COCA-COLA e começar a me alimentar saudavelmente e de comidas naturais...

O que nenhum entende é que como saudavelmente, picanha, cupim, filet, feijoada, baiao-de-dois, arroz-carreteiro, farinha, charque... isso tudo é muito saudável.

Mas também claro, tenho de sair em defesa dos sanduíches, como comer saudavelmente se nao temos tempo para nada? É necessário alimentar o organismo e, as vezes ,um Burguer King vai muito bem, com batatas fritas grandes e coca-cola de 500 ml of course e, para acalmar o estresse que me causam por desejarem que eu emagreça, pare de fumar e de tomar coca-cola é óbvio que preciso fumar um cigarro.

Ai meu Deus! Agora só alface, palmito, batatas, ovos, rúcula, atum e tudo mais que for saudável e nao atribua um grama ao organismo...

sem mais... sem mais sanduiche, sem mais, coca-cola, sem mais picanhas, sem mais carreteiros, sem mais...

Patif@

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sobre a Brevidade do Ser Humano


Antes do Natal vi na internet um concurso de micro-relato, a final do concurso seria dia 30/12/2008. Resolvi participar. Era dia 25 de dezembro, eu estava sem muito o que fazer e resolvi escrever um micro-relato, o prazo para envio era o dia 26/12/2008 ao meio dia.

É claro que não fui classificada. Por várias razões, sendo a principal: eu não sei escrever pouco.
O micro-relato é um conto ou história que tem de ser escrita com no máximo 100 palavras. Em 100 palavras tenho de introduzir, desenvolver e concluir a história a ser contada.

Cheguei a conclusão que nunca conseguirei essa proeza, pois não sei ser breve. Entretanto também me fez perceber a necessidade de ser breve, pois hoje as pessoas não tem tempo a perder lendo algo longo, hoje os textos devem ser breves, pequenas histórias que sejam atraentes desde o ínicio. Meu conto até era atraente, mas carecia de envolvimento e emoção. Eu havia feito um relato descritivo.

Então percebi porque nao gostei da biografia de Paulo Coelho, O Mago, escrita por Fernando Morais. Gostei especialmente da vida de Paulo Coelho e cheguei a conclusão que se ela tivesse sido escrita por ele mesmo, seria atraente, envolvente e emocionaria os leitores. O que Fernando Moraes fez, como excelente jornalista que é, foi a descrição da vida de P.C., faltou vivenciar, sentir, "se colocar no lugar do outro".

Também descobri porque gosto de leituras como El Andarillo de las Estrellas e Martin Eden de Jack London ou, De Profundis e O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, ou ainda o "obsceno" Incesto de Anaïs Nin. O meu gosto literário é pelo real, pelo que realmente foi vivido, foi sentido, foi idealizado, foi sonhado e, não por descrições dessensibilizadas ou por verdades rudes. Adoro a poesia, porque a vida é poesia, independente da crueza com que seja vivida.

A vida é poesia, cabe saber contar e escrever a própria poesia. Oscar Wilde em De Profundis rechaça Sir Alfred Douglas (seu amante, que também atendia pelo nome de Bosie), fala do ser mesquinho, desprezível, alienado e egoísta que era Bosie, mas o faz com uma grandiosidade, beleza e profundidade de sentimentos que é percebível por quem lê, podendo inclusive ser sentida a dor que Wilde sentiu ao escrever. Wilde jamais poderia ser simplório ou medíocre para falar de seus sentimentos e suas angústias. Seus escritos são de uma grandeza que somente um "dândi" como ele poderia produzir. Contudo, o que mais me dói sobre a vida de Wilde é que, mesmo sabendo que Bosie representava sua destruição, tenha seguido adiante no romance com ele, mas isso já seria outro história, sobre quem escolhemos para amar, sobre quem nos enaltece e quem nos afunda.

Anaïs Nin e Henry Miller também rechaçam June (a esposa de Henry), a colocam como mesquinha, carente de atenção, viciada, promíscua e louca. Porém, sem o romance de Anaïs com June e da relação turbulenta entre June e Henry, talvez Anaïs e Henry não tivessem produzido tanta literatura. Justificaria, o desespero que tomou conta de Henry depois que June o deixou, desespero que, mesmo tendo Anaïs e, acreditando amá-la, não poderia suprir. Anaïs não era June, ele precisava das duas. Henry dependia da vida turbulenta com June para ser Henry. Anaïs dependia de June para sentir-se forte. Henry necessitava das discussões e de humilhar June para sentir-se superior. Anaïs precisava se sentir boa e generosa o suficiente para estar sempre perdoando June. Falso autruísmo, mas a verdade é que nos rendeu literatura gratificante e humano-existencial suficiente.

Nenhum homem é capaz de escrever sobre a vida de outro tão bem quanto ele próprio. Não sei escrever micro-relatos, não sou capaz de ser breve. Gosto de delirar, elucubrar, pensar sobre cada vida, de ser eu mesma e ter a sensibilidade para "me colocar no lugar do outro".

Entretanto, em nenhuma destas obras é tão visível o sofrimento humano como "El Andarillo de las Estrellas" de Jack London. London consegue "enxergar-se" de fora. Consegue fazer acreditarmos que todo o sofrimento de sentir-se preso, isolado, acusado de algo que não cometeu, desmerecedor do amor, felicidade, esperança e bem aventurança, não tenha acontecido com o próprio London, mas com os personagens de seus livros.

Alguns seres humanos fazem isso quando o sofrimento é além do que poderiam suportar, veem-se de fora, como se tudo o que tivesse acontecido não fosse com eles, mas com outro, que é a parte de si que não quer sofrer. Outros, como Wilde, camuflam a verdade, escondem-na atrás de romances com personagens inventados, que nada mais são do que personagens da vida real do autor, ou ainda, as várias faces de um único homem.

Outros ainda, podem ser Anaïs Nin, relatar o que viveu, com quem viveu, como viveu, onde viveu, o comprometimento é consigo e com a verdade, mas não necessariamente a verdade que foi vivida; pode ou deve, ser exposta, principalmente quando essa verdade implica outros seres humanos.

Aqui encerro minha história de hoje, para não me tornar tão extensa que chateie aos poucos que leem meus escritos.

Meta para 2009: Aprender a ser breve!


by Patifa